Borboletas no estômago
Num vira e mexe.
Num sacudir.
Num bater de asas.
Num piscar de olhos.
Estão aqui.
E eu que achava que estavam mortas.
Que morreram sufocadas.
Enforcadas.
E não aguentaram.
Corroem.
Destroem.
Com o ódio.
Com o egoísmo.
Com a falta de amor.
Fervor.
Ah, o desamor.
Engoliram a dor.
Me enganei...
Espertas não?
Certo dia,me tocaram.
Descobri que elas só dormiam.
Sono que parecia profundo.
Acordaram.
Quem diria.
Posso sentir.
Elas voam pra lá e pra cá.
Pouco espaço.
Batendo uma nas outras.
Que enjôo.
A vontade é de abrir um buraco.
Expulsar.
Vomitar.
Para nunca mais voltar.
Fechar.
E se voltarem?
Não podem.
Não quero.
Deixem somente eu voar.
Sobrevoar.
O céu.
O mundo.
Enquanto isso...
Ficam aqui.
Esperando a chegada de alguém.
Um encontro marcado.
Um toque.
Um beijo.
Um abraço.
Um pedido.
por fim.
Só um.
A verdade é que,nunca gostei das borboletas no meu estômago.
Mas elas permanecem.
Insistentes.
Persistentes.
Intactas.
Invictas.
Convictas.
Vivas.