Borboletas no estômago

Num vira e mexe.

Num sacudir.

Num bater de asas.

Num piscar de olhos.

Estão aqui.

E eu que achava que estavam mortas.

Que morreram sufocadas.

Enforcadas.

E não aguentaram.

Corroem.

Destroem.

Com o ódio.

Com o egoísmo.

Com a falta de amor.

Fervor.

Ah, o desamor.

Engoliram a dor.

Me enganei...

Espertas não?

Certo dia,me tocaram.

Descobri que elas só dormiam.

Sono que parecia profundo.

Acordaram.

Quem diria.

Posso sentir.

Elas voam pra lá e pra cá.

Pouco espaço.

Batendo uma nas outras.

Que enjôo.

A vontade é de abrir um buraco.

Expulsar.

Vomitar.

Para nunca mais voltar.

Fechar.

E se voltarem?

Não podem.

Não quero.

Deixem somente eu voar.

Sobrevoar.

O céu.

O mundo.

Enquanto isso...

Ficam aqui.

Esperando a chegada de alguém.

Um encontro marcado.

Um toque.

Um beijo.

Um abraço.

Um pedido.

por fim.

Só um.

A verdade é que,nunca gostei das borboletas no meu estômago.

Mas elas permanecem.

Insistentes.

Persistentes.

Intactas.

Invictas.

Convictas.

Vivas.

Edivania Scarlett
Enviado por Edivania Scarlett em 21/12/2018
Código do texto: T6532430
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