SENHORA

SENHORA

O feio é o lado esquerdo do bonito,

A onde bate um coração fraterno;

Se a paz é esta dor de um longo grito,

Não quero esta paz de amor, não quero.

O feio se completa com o bonito,

No ardor perene sem temer o inferno;

Sem frio de cores que nos trás o inverno,

Mostrando o eterno alem do esquisito

O riso se completa e a lagrima aflora

No rosto de Gioconda, amor infindo;

A onde existe mais lindo,

Perdido na placidez da voz que em mim decora.

Quem dera eu soubesse que não esqueci,

Nas bigas sem ter guerra o teu castigo;

A onde a bela fera é o meu perigo,

Arquivos de um grande amor que já senti

O freio de teus beijos minha senhora,

Na fragrância da harmonia é o meu jardim;

Perdido na turbulência do sem fim,

Mulher que minha alma enfim devora.

*J.L.BORGES