AINDA É NOITE

Quanto é estranha essa vida

Ora pulsa vibrante

em momentos de alegria,

Ora se deleita em um tédio

carregado de melancolia.

É noite cerrada,

Mas as estrelas não cintilam no céu

A saudade bate à porta,

Ainda que não lembrada

Esquecida, pouco amada.

Insisto em enxergar as estrelas

Choro eu, choram elas

Pela vida e pelos amores

A disputa, os dissabores

Gosto de féu.

Para que tantas lembranças

Nessas horas mortas?

Não quis saber

Fechei as portas

Mas a saudade insiste, sem confiança.

Parece que já não sei

O que quero, o que sou

O que não quero

Só me resta, assim, repousar

Com isso, espero

O amanhecer que é recomeço

Para começar de novo

Junto dela, a vida, faço-me dia

Entardeço

Anoiteço as cores, buscando sintonia.