O insustentável peso de ser
O insustentável peso de ser
Ali estava seu abraço em meu corpo
Sozinha
E nada esperava que não fosse o fim da noite
Em casa
No calor do sol, que queimou as paredes do meu quarto
E reverteu tudo numa solidão quente,
Suada e sem nada mais que não fosse seus olhos na escuridão,
Seu cheiro que de mim nunca saiu
Voltou-me como uma lembrança
Do mesmo verão que te amei,
Do mesmo momento em que não mais te quis.
Não era minha a sua estrada
Nem meus caminhos se cruzavam com os seus
E nada além do que possa ser
Deixa de estar nos instantes que compartilho meu amor
De tê-la, detendo você novamente ao meu lado.
Tenha medo do que não quero mais.
Quero-te apenas como ser
E sou o que esperas de mim
Para os mesmos momentos em que preciso de você.
Amar-te nunca foi sacrifício.
Desejar-te nunca foi inesperado.
Tive em meus sonhos a sua companhia
E acordei sozinha,
Suada,
Trêmula,
Esperando que não fosse sonho
O pesadelo
Do insustentável peso de ser eu.
Fabíola Colares