Um minuto de silêncio!



Um minuto de silêncio. Um minuto só.
Silêncio pela morte de Esperança.
Esperança era verde de vida, viva,
Esperança entrava em minha casa
Na casas dos meus irmãos, amigos...
Esperança ria de felicidade ao sol
Quando um avental protegia uma barriga
Que trabalhava amassando nosso pão.
Esperança cantava amarela, ao sol
Quando era dia de festa na nação
Pois todos acorriam às ruas,
com suas fantasias de civilidade,
patriotismo, com face azul de amor.
A Esperança sempre estava de Branco
Sua cor predileta; seu vestido sempre
Tinha umas estrelas de que tanto a orgulhava.
A Esperança foi-se hoje. Dorme em berço
De angústia, de dor, da vergonha.
A Esperança de verde fechou seus olhos.
Não agüentou a vergonha! Foi demais para
A sua fragilidade, para a sua sensibilidade
Um golpe tão violento, tão maciço, tão cruel.
A traição a matou! A traição sepultou a
Nossa querida Esperança. E seu túmulo
É coberto com a bandeira do Brasil.
A traição! Foi o que fizeram com a Esperança
De dias melhores, de justiça, de honra!
O que fizeram foi uma auto defesa sem vergonha
Descarada, humilhante! Se auto protegeram!
Não temos quem nos defenda. A Esperança
É a última que morre! Portanto sem Esperança.
O Brasil perde uma dama de grande valor,
Perde o seu coração; perde a força de viver
Perde a liberdade, perde a vontade de lutar.
A Esperança se foi e levou com ela o melhor
Que um homem pode ter: a crença no ser humano.
A traição que matou a Esperança deixou
Um enorme buraco sangrando...uma Veia Aberta,
Uma mão que sangra...várias bocas abertas
Estupefatas...outras abertas esperando
Uma bolsa que lhe renderá alguns dias sem fome.
A Esperança se foi e garantiu assim a continuidade
Da traição, da maracutaia, do descalabro.
A Esperança se foi e deixou o mundo estupefato
E colocou em cima de seu túmulo uma cruz
e a luz opaca de uma estrela: ri satisfeita
com sua morte. O caminho está livre.