tão perto

Já não procuro mais ver os seus olhos

Muito menos saber por onde passa a sua vista

Seu silêncio ás vezes me diz muita coisa

E na calada da noite de um dia de solidão

Não precipito buscar saída nas baladas vãs

Nem busco socorro em beijos ditos insólitos

Pois, para ser inabalável às coisas da vida

Somente se apegarmos a Deus

Já não busco sua boca, nem seus verbos e versos

Distribuídos ao acaso principalmente nos seus dias de tristeza

E este um dia vem, bem sei, e é quando você mais diz me amar

Quem ama, ama nos dias de sol ou de chuva

O torpor que me causas tantas vezes nos cursos dos dias

É um desalento que me deixa atento às mazelas do meu ser

E concluo que qualquer coisa em mim que se diz depender de ti

Contrai ao meu espírito a disfuncionalidade do apego do que não me pertence

Devo ser aquém da vontade de possuir materialmente as coisas do mundo

Preciso delas somente como quem reconhece a necessidade de cada degrau de escada

Para atingir patamares mais altos dos cumes da vida

É por isso que te amo

Não porque te possuo como mulher

Mas por ter o efeito de um binóculo para ver horizontes distantes

Que residem aqui dentro de mim, tão perto

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 08/11/2018
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