Andorinha
Ah! andorinha minha!
Tu não és o mais belo dos pássaros,
Não tem o melhor plumado,
Nem sabe cacarejar.
Mas, como eu queria teu canto!
Ouvindo de ponto a ponto,
Suas declarações e assobios,
A me despertar.
Quero lhe ajudar a voar,
Segurar na sua asa e,
Simplesmente contemplar,
Seus eternos rodopios.
Ah! Andorinha minha!
Sinto ciúme dos seus vôos,
E a cada pouso seu,
Vejo que não me pertence mais.
Olhe para mim, andorinha!
Há muitos canários, beija-flores e rolinhas!
Que querem fazer um gracejo,
Ao me cantarolar todas as manhãs.
Seria tu, mais uma ave de verão?
Que vai embora no fim da estação,
Sem deixar, nem mesmo,
Um ramo de flor?
Não sou de enlear-me em ninhos,
Sem sinal de estima e carinho,
Como uma presa na gaiola.
Minha andorinha, andorinha minha!
Você é real ou só uma ideia vazia?
Diga-me, andorinha.
Algum dia, tu foste minha?