TÉDIO NO CONVENTO
Todas as tardes, morre um pouco de vontade
Nos becos em extinção, na escada rolante que segue sozinha
Nas fervuras dos cafés que não passam
No latido infernal das buzinas
Morre, todas as tardes, um pouco da vontade minha
Concreto de espelhos foscos
Armadilha de caçadores convertidos
Oração de menino cortês
Concretos e esperanças sem fim
Solidão pressionada a grito
Rapidamente reacende amigo
Procurador da conversa, convívio
Enquanto ouço os ruídos insistentes
Sou eu, só eu, contra minha parede
E enquanto gozo de um pedaço de memória
Fungoso, insistente, cortante
Eles reaparecem, como se nada tivessem me feito
Peroba em óleo ilustrador conserva
Erva colhida por Eva, ervilha
Quem pilha na esquina entende tábua na avenida
Adão catava grão por pão
Bolhas que o diabo amassou
Tribo intriga entregando infla trigo
Capuz não esconde atitudes em movimentação.