LUZ, FOGO E VAGALUMES
LUZ, FOGO E VAGALUMES
Surgiu em minha escuridão
Um brilho leve de vagalume,
Veio sorrateiro, sem barulhar
E se mostrou um grande lume.
Guiou-me por paredes estreitas,
Que nunca pensei em passar,
Invadiu minh'alma tal conforto
Que do medo, não conseguia lembrar.
Então o calor ardente me invadiu
Tirando do meu peito todo o frio
Transformando em Sol o que era Lua
Queimando minhas vestes,
Deixando-me nua!
Aceitei esse pacto de amor
Desprovindo-me de medo e dor,
Me desarmei perante você,
Tornou-se um dos motivos do meu viver.
Essa chama que nos uniu sem pretensão,
Fez-nos ferver em brasa no colchão.
Criou várias estrelas em nosso olhar
E fez o mundo a fora, se ofuscar.
E tudo em volta só me dizia "sim",
Até plantei flores em meu jardim:
Lindas e coloridas de amor,
Alimentadas pelo nosso calor.
Mas, apenas isso não bastou:
Elas queriam água, ninguém regou;
Queriam vento, ninguém soprou;
Queriam amor, ninguém amou.
Nosso fogo era tanto que virou infernal
E veio a tempestade pôr um final.
O que era vermelho, ficou sem graça
E tudo que eu sentia, virou fumaça.
Não mais precisa me esquentar!
O seu sol sempre foi de outro lugar.
Só deu uma passada no meu dia,
Mostrando-me um pouco de alegria.
Teu brilho é forte como mil clarões,
Estás livre para aquecer outros corações.
Enquanto isso, deixe-me aqui
Assistindo no horizonte, teu brilho sumir...
Meu mundo escureceu
Até que a lua apareceu
E com luz sutil, iluminou o lugar,
Fazendo-me, novamente, enxergar.
A solidão ousou comparecer,
Fazendo uma lágrima descer.
Notei que o céu chorava também,
Soluçando igual neném.
Após um sono com sonhos vazios,
Ainda gelada, entregue ao frio,
A noite revelou suas luzes,
Arrodeando a Lua com vagalumes.
Senti meu peito, novamente, se acender,
Criando o fogo necessário para me aquecer
E assim selando de vez o meu sofrer,
Restando apenas memórias boas de você.
Sempre soube do perigo de brincar com fogo,
Tanto que de teimosa, fui e me queimei.
Mas, meu querido Sol, saiba
Que eu, Lua, te amei.