Reescrevendo a vida
Saio a procura do que falta e não encontro.
Observo as pessoas e seus passos apressados me levam a acreditar que não há tempo a perder.
Perder o quê? A finitude é tão óbvia que dá medo.
No despertar de um novo dia, as paredes me afligem duramente.
O dia transcorre de modo frenético para muitos. Numa tortura íntima, queria ser como eles: os seres com quem divido a vida no Planeta.
Mas, cada um segue seu rumo. Lembro Raul: “...me sento no trono de um apartamento
Com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”
Às vezes, bate um orgulho de mim que logo passa, já que pouco do que pensei tornou-se real: uma sociedade justa e humana!
O telefone toca!! Apenas alguém querendo vender, pedindo, oferecendo. Tudo reunido apenas numa só intenção: o vil metal!
A música, distante ou perto, é o transporte imaginário para o ontem, o hoje, o amanhã.
Retorno do devaneio e... a vida urbana segue seu ritmo.
O Sol se põe e a noite dá vestígios de sua chegada. Escura, fria e silenciosa!
O olhar se prende ao infinito das emoções guardadas, das dores contidas, dos projetos em que não se consegue determinar os objetivos.
O tema está definido: reescrita de uma vida.
Mas: por quê? Para quê? A quem se tornará interessante? O que desejo provar? Qual meu embasamento teórico?
Vou ficar apenas num estudo de caso. Apenas a prática da solidão, inquietação, desilusão, vazio nortearão meus passos.