Inanimadas flores
Se tudo fosse flores,
Já não haveriam espinhos,
E se rosas fossem ainda,
Espinhos ainda não teriam,
Pois o que seriam das flores,
Se em tudo tem que haver dores,
Pra desabrochar a alegria?
E se acúleos não houvessem,
Talvez as fossem desvalorizadas,
Se a beleza não significa nada,
Sem que haja ilusões.
Se as espetam quem as toca,
O perfume de quem as sente,
Se quem a olha,vê tão ausente,
Tal beleza inanimada,
As rosas de si exalam,
Embora espinhos existam,
Mesmo que em si persistam,
No ar tal perfume exala,
E tais acúleos se calam...
E somem.
E calam.
E da rosa são extintas,
Ao olfato de quem as sente.
De quem um dia de tão carente,
Suspirou primaveras de poesias.