Mórbida
Madrugada adentra em gélida despedida.
O frio na espinha não é menor que o que entra pela janela entreaberta, vigilante e sombria.
Madrugada adentra, gélida e desprovida de compaixão.
O fio que tecia o nosso amor não suportou intempéries, se rompeu.
Madrugada, maquiavélica, digna de uma amnésia incurável.
Aquela outra em que nos conhecemos parecia eterna, sublime como foi eterno nosso efêmero amor.
Madrugada de horror.
Talvez seja melhor assim.
Talvez tudo mereça um fim.
Talvez o sol ao amanhecer nos traga um renascer.
Enquanto enterra a madrugada.
Má, drogada, é essa madrugada.
Adeus, amor!