Às horas ...
Às horas gloriosas voaram-nos pássaros
de seda, na enseada branda de memórias
em chilreios audazes,
em danças de xilofones e contrabaixos...
Às horas impiedosas azularam-se
descaídos sobre boca da morte em penas brandas
de zunidos e ventos, aos ritmos lentos
de violinos cinjos ao toque de dedos corpulentos...
...em acordes infaustos e andamentos magistrais,
tangidos na raiz dos medos,
da madre terra reflorescida,
saíram em borbotões, bichos sangrentos –
negros sapos, lacraus e centopeias -,
às mãos cheias, incensados
ao sabor dos ácaros, fungos e bolores,
na recidiva de que se cobriram os pastos,
nas cores da tarde em que a dignidade ferida
crucificou margaridas na cera das nossas asas ...
... na hora demoníaca de póstumas danças.