Charuto Que Arde

Vou escrever nada, minhas mãos pesadas

estão no ritmo do pulso lento.

Mãos cheias de vício. Dedos exaustos,

reunindo letras a esmo, algo ilegível

Se eu pensasse... talvez ainda fosse omisso.

Meu raciocínio perambula entre a fumaça

de um charuto que arde

E tenho um teclado indecifrável à minha frente,

colossal e negro.

Letras reunidas como assembleia dos sindicatos,

a querer saber o que será, aonde dói

Oras! Serei evasivo. Destilarei o vazio,

tudo aquilo que não está, e nem aqui nem acolá.

Escreverei nada pois assim acabarei inócuo.

Então deixe-me dizer sobre o vácuo,

sobre o oco e sobre o espaço.

Notaste este espaço entre nós?

Me deixe discursar sobre as áreas desabitadas.

Tanto as do peito quanto às do chão.

Sobre sombras e madrugadas.

Pois dentro de cada afeto existe um vão.

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 15/08/2018
Código do texto: T6419420
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