A FLOR DO JARDIM ALHEIO.
Amor que me devora a carne,
Que me consome por inteiro,
Que me desnuda a alma,
Que enlaça o coração,
Que me aterroriza,
Que me escraviza,
E depois de me despir,
Me abandona,
Então me vejo só,
Um ébrio poeta cheio de amor,
Cheio de dor,
Cheio de vergonha,
Eu me faço mudo diante das palavras,
Mas o meu coração é tolo,
Ele está aprisionado em sua masmorra,
Ele te quer tanto quanto me queres,
E nesta manhã,
Manhã solitária e fria,
Eu me debruço sobre as palavras,
Me lambuzo de versos tortos,
E a minha alma está repleta,
Repleta de desejos por ti,
Desejando sempre os teus lábios,
Até quando anjo ledo,
Diga-me... Até quando terei que esperar,
De amor já não aguento,
Meu peito não suporta mais.
As flores acenaram ao longe,
Jogadas no jardim da saudade,
A flor da beleza se encantou por ti,
Sendo assim, tu és dela,
E sem que eu perceba,
Sou dela também,
Eu sou apenas esse poeta moribundo,
Jogado a esmo,
No ermo do meu destino,
Observando tudo,
Vagando sempre sem direção,
Meus clamores porém,
É de um poeta perdidamente desesperado,
Desejoso em te querer,
Buscando a sua formosura,
Procurando em milhares de rostos alheios,
Mas não há nesse mundo,
Uma beleza semelhante a tua,
Não há nesse mundo,
Um sorriso como o teu,
Não há nesse mundo,
Um brilho tão intenso no olhar,
Como este teu,
Eu sou um poeta cheio de dor,
Que um dia ousou sonhar,
Com abraços e beijos de amor sincero,
Com sonhos e desejos,
Mas o que sobrou foi apenas lembrança,
Hoje, sou tristeza, sou lágrimas,
Sou solidão.