CAVERNA

Sei de um turbilhão de coisas a saber

Sinto muito por não saber

Tanto quanto sinto pelo que sei

Certos saberes doem

É como sair da caverna

E se surpreender com o sol

De verdade dói a vista

Perceber que a figura mais terna

Nunca esteve em prol

E nunca foi realista

Recorrer a tua força interna

Correr para quebrar o anzol

Quando a ilusão te fisga

O sentir perfeito é uma isca

Aquele olhar tão doce que te isola

E te deixa perdido numa ilha

Aquela aflição de querer

Um ser criança sem brinquedo

A volta dos juvenis medos

O sol queimando a vista

Te fazendo ver o talento do artista

Enquanto tu engoles cada gota do teu choro

A multidão que agita o coro

Na repentina a dor de um tempo todo

Um tempo todo sem saber

Só pode diante da luz doer

Lopes Neto
Enviado por Lopes Neto em 19/07/2018
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