Vou-me embora!
Vou-me embora!
Não sei para onde, mas vou-me embora.
Não quero mais esperar o bonde.
Não sei mais olhar para onde.
Não mais enxergo ao longe, donde.
Nada me sacia, nada me dá graça.
Não tenho mais aquela alegria.
Aquela das brincadeiras na praça.
As horas passam, o tempo escassa.
Só se vê desgraça, trapaça, arruaça...
Tudo mais é nada: artificial, superficial, fútil...
Continuar parece inútil.
Até os amigos se escondem individuais.
Não mais compartilham com seus iguais.
Não mais aportam antigos cais,
Nem se recordam tempos atrás.
Tudo se vai, tudo se apaga.
A rosa murcha, some o perfume.
A noite desce, o sol jaz.
É, vou-me embora.
Aqui não dá mais.
Nem amor eu sinto mais.
A paixão ficou para trás.
Não sei se volto não sei de onde.
Não sei se mereço tratamento de conde.
Sou puro na alma.
Cheio de veneno no corpo.
Vou-me embora buscar
Dessa doença me curar.