Ditame do putrefato
Ao luar inebriante,
Um pálido rosto
De respirar ofegante
Oscila seu desgosto.
Virando garrafas, varando a noite
Andando descalço pelas ruas
Começa a aceitar o açoite
Enxerga o contorno de mulheres nuas.
Entrega-se ao arrebatamento
À tomada do sentimento
Tanto fugiu, agora isso de nada adianta
A ele, pouco encanta.
Suspirando, dança ao ritmo da tristeza
Outrora aquilo fora uma beleza
Hoje é apenas um descompasso
Passo perdido no espaço.
Sente vertigens, pensa em voar
Quer fugir pra longe desse mundo
Sabe que quanto mais sonhar
Mais seu rosto retoma o rubicundo.
A bebida não lhe foi útil
Sentiu o ápice, agora cala-se
Percebe que teve apenas um delírio fútil.
Joga-se contra a parede, é dele que fala-se
Quem seria esse bêbado tropegante?
Talvez seja mais um de vida errante.