Ditame do putrefato

Ao luar inebriante,

Um pálido rosto

De respirar ofegante

Oscila seu desgosto.

Virando garrafas, varando a noite

Andando descalço pelas ruas

Começa a aceitar o açoite

Enxerga o contorno de mulheres nuas.

Entrega-se ao arrebatamento

À tomada do sentimento

Tanto fugiu, agora isso de nada adianta

A ele, pouco encanta.

Suspirando, dança ao ritmo da tristeza

Outrora aquilo fora uma beleza

Hoje é apenas um descompasso

Passo perdido no espaço.

Sente vertigens, pensa em voar

Quer fugir pra longe desse mundo

Sabe que quanto mais sonhar

Mais seu rosto retoma o rubicundo.

A bebida não lhe foi útil

Sentiu o ápice, agora cala-se

Percebe que teve apenas um delírio fútil.

Joga-se contra a parede, é dele que fala-se

Quem seria esse bêbado tropegante?

Talvez seja mais um de vida errante.

Adela
Enviado por Adela em 11/06/2018
Código do texto: T6361422
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