Tintureira

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Os espaços se abriram mesmo quando as janelas do olhos mostravam cegueira.

Nunca fostes o que tu eras,

nem imagem nem reflexo,

nem mesmo vestígio de tua sombra.

Foste capa que encapava tua alma rude,

não eras lisura, não eras verdade.

Tu eras somente a mentira que expuseste,

um palco escuro, um ator nulo,

uma plateia escassa.

Dos risos sobraram magoas,

das falas, só inverdades,

dos contos, rios perdidos,

palavras feito pó ao vento sopradas.

As rimas não se formaram

nem os versos foram cadenciados,

mas as pautas foram reescritas em liras

e o ontem foi só mais uma curva

d'uma estrada falha percorrida.

Nessa imensa biblioteca, em pele de seda, no bico da pena, com tinta permanente ou não se desenha outro capitulo.

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Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 28/05/2018
Código do texto: T6348364
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