Eu nunca vou chegar

Antes dos últimos segundos chegarem

recorri a minha falsa fé,

roguei ao céu tinto como café:

“Que desta vez os nossos triunfem”.

Abracei os que tinha por perto.

Pensei nos pedaços restantes,

não eram muitos os que estavam distantes,

por mais que me sentisse deserto.

Encarei meu labirinto ébrio

e preenchi-me em nossa sagrada liturgia

afastando o mais rápido quanto podia

da letargia que me conforta o breu.

Mas o sossego talvez não seja pra mim,

há buracos no meu existir

e o que eu preenchi tornou a vazar.

E assim, a cada passo que vejo um fim

penso o quanto não progredi,

e que quem tarda nunca tende a chegar.

Lucas Gabriel Rangel
Enviado por Lucas Gabriel Rangel em 25/05/2018
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