Eu nunca vou chegar
Antes dos últimos segundos chegarem
recorri a minha falsa fé,
roguei ao céu tinto como café:
“Que desta vez os nossos triunfem”.
Abracei os que tinha por perto.
Pensei nos pedaços restantes,
não eram muitos os que estavam distantes,
por mais que me sentisse deserto.
Encarei meu labirinto ébrio
e preenchi-me em nossa sagrada liturgia
afastando o mais rápido quanto podia
da letargia que me conforta o breu.
Mas o sossego talvez não seja pra mim,
há buracos no meu existir
e o que eu preenchi tornou a vazar.
E assim, a cada passo que vejo um fim
penso o quanto não progredi,
e que quem tarda nunca tende a chegar.