Cruz de ferro
Quando eu morrer não dêem a cruz de ferro
Que identifique o local onde tombei.
Também não quero a solidão dos cemitérios
esse promíscuo lupanar de vermes
sem horizontes, sem amanhã, sem leis.
Também não usem os bálsamos do oriente
no putrefacível ser que então serrei.
Repasto fácil de feras até prefiro
pois desta forma algum benefício
a um cão vadio ou a chacal do ermo
com a matéria sua fome saciarei.
Mas não! Melhor será o fundo tépido da terra
Nua. Onde no tempo certo, ao pó retornarei.
Depois o olvido e à energia cósmica,
num vôo cego, num comprazer de aurora,
ao todo nunca, ao sempre nada
O caminho certo da verdade encontrarei