Cruz de ferro

Quando eu morrer não dêem a cruz de ferro

Que identifique o local onde tombei.

Também não quero a solidão dos cemitérios

esse promíscuo lupanar de vermes

sem horizontes, sem amanhã, sem leis.

Também não usem os bálsamos do oriente

no putrefacível ser que então serrei.

Repasto fácil de feras até prefiro

pois desta forma algum benefício

a um cão vadio ou a chacal do ermo

com a matéria sua fome saciarei.

Mas não! Melhor será o fundo tépido da terra

Nua. Onde no tempo certo, ao pó retornarei.

Depois o olvido e à energia cósmica,

num vôo cego, num comprazer de aurora,

ao todo nunca, ao sempre nada

O caminho certo da verdade encontrarei

Vinícius Lena
Enviado por Vinícius Lena em 01/09/2007
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