DESILUSÃO

DESILUSÃO

Andrade Jorge

chorou na cama fria

como se algum dia

teu sangue quente

houvesse aquecido alguém num repente.

Lamentou a desdita

da solidão maldita,

o vento soprou o pó das lembranças,

restos das perdidas esperanças.

A morta viva emudeceu

mais um dia se foi, anoiteceu

com o coração em prantos, sem ilusão

aquietou-se no canto a temida desilusão.

ANDRADE JORGE