A Casa

Eu vejo o seu rosto

E como de costume, tenho as mesmas lembranças

Que há tempos não parecem minhas

Se quer tenho cicatrizes pra lembrar

Foi tudo um sonho

E eu não consigo sentir saudades de você

Essa casa parece estranha...

parece outra...

E eu, a ela, já não posso pertencer.

As roupas, os lugares ...os travesseiros de pena de ganso

Os arranjos de flores na cabeceira da cama...

A varanda ...

Nada disso parece me comover.

O que existia aqui não era a casa, mas sim, o amor

A morada em que nos abrigávamos.

O resto é só fachada

E sem ele, tudo não passa de uma cidade cenográfica

Onde eu já não sei viver

Pra que ficar?

O que manter?

Quando as paredes ruírem

E você for procurar entre os escombros

Vai ver que não existirão vitimas

Pois a muito tempo

Ninguém mora lá...

Otávio Otto
Enviado por Otávio Otto em 04/05/2018
Reeditado em 18/01/2023
Código do texto: T6327402
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