AUTÔMATO
Na noite fria,
Cinzenta,
Caminhava tão somente,
Olhando o espaço vazio,
Como se lesse um conhecido,
Velho livro,
Em autômato movimento,
Sentindo apenas o vento,
A soprar-lhe o pé do ouvido,
E o corpo,
Os arrepios da solidão,
Acostumara-se a viver,
Ou pensava assim estar,
Acostumado com tudo,
Ou com nada,
Só o amor de outrora,
O fazia andar, andar...
Na noite cinzenta,
Na lembrança ,
De outras andanças,
E o livro fechado,
Pelo pensamento automatizado.