O Cuspido
Eu sou adónis
Levo isso em conta e sou grotesco
Assassino de amizades
Ainda assim amável
Carrego a culpa inocente
De ter amado erroneamente
Sempre o mesmo tipo de pessoa
De forma diferente
Sou o cicerone da angústia
Cosmopolita em zonas de aflição
Dirijo-me amores à infelicidade
E daí à decepção
Descarto os choros
Como gente desgraçada
Que vê sua vida enxugada
Pelas chuvas de Dezembro
Parti para longe
Onde os sentimentos perdem rede
E a falência da paixão
Enterra a imagem de quem se ama
Eu sou o cuspido
A pedra no coração da mulher
Que some debandada
Quando ainda bem me quer.