Complicada
Como é difícil engolir
Que até hoje ainda sejas
O meu primeiro pensamento ao acordar
É como se o mundo girasse em torno do teu rosto
Eu queria poder ter um apagão de memória
E aprender tudo de novo
Começar do zero e reconstruir a base
Para demolir esse amor exponencial
É que tu não tens ideia do quanto é punidor
Ver-te todos os dias sem te poder oferecer um piscar de olhos
Tenho que concentrar-me noutros ângulos, fingir não te ver
Para conseguir manter o truque de não me importar mais contigo
Essa porra de nostalgia não tem piedade e é padronizada
Ainda que os meses nos distanciem, ainda que os desencontros
De certa forma, ajudem-me a esquecer que existes
Se não for da boca dos amigos, ouvirei teu nome nos meus sonhos
Verei teu rosto quando pensar em como a vida vai mal
E ver-me-ei a dirigir-te um verso, uma canção, um recital
O que não passará de utopia, pois sequer saber como estás
É uma iniciativa que tenho, mantenho firme meu orgulho, assaz
Mas de maneira que não fira a minha própria sensibilidade
Não posso estar atrás de ti como um covarde
Que foge de estar sozinho para respirar amor rejeitado
Eu ainda te quero, raios! Mas de que adianta ser ousado?
Que ganho terei eu se não te tirar de mim
E tu me teres apenas como parte dum fim?
Esse amor cimentado no chão do meu coração
Tem pedrinhas que lhe fazem seguro, desaba em dor mas não se desfaz
Tu não me queres a mim, sentes falta de nós
Já não sentes, nada queres, também não estás em paz
Sondas minha vida em segredo, tento crer, desaceito
Não vale a pena achar que ainda me tens em teu peito
Quem me dera estar em ti e perceber tua guerra mental
Eu sei que me detestas, mas me amas afinal
São abusos e ofensas que de ti sem dó recebo
E em vez de revoltado, apaixono-me cego
Não deveria ser o destino
O caminho que escolhemos para nós mesmos?
Então por que que quanto mais eu fujo, mais caio na rede?
É lixado! Nem mesmo mais a solidão compreende
Não sei amar outra pessoa por tua causa
Os amores que me perseguem só me lembram de ti
De como tudo era perfeito antes desse pretenso fim
Que instiga recomeço sem ninguém dar a torcer
O braço, a cabeça, o coração ferido
São anos com outro homem, teus olhos estão comigo
Eu sei, por mais que finja não notar
É anormal que insistas em comigo brigar
Toda vez que procuro uma papo amigável
Ages com fúria destorcida e um rancor meio que irrevogável
Se não sentes nada mais, por que ainda te irrita
Minha presença à tua distância, se agora eu só tenho a escrita?
Se não sentes nada mais, por que não podemos ser amigos?
Teus pretextos são uma bosta, ademais, um perigo
Porque depois de adulta o bastante para perceber
Verás que, passaste a vida toda a sofrer (como eu).