Filha

Teus planos se perderam no meio do caminho,

Hoje basta saber se é menina ou menino.

Sonhos não concretizados,

Perdidos em lugar nenhum,

Talvez não idealizados em terreno firme,

Todos sem órbita, vagando no espaço.

A ti, idealizei uma vida diferente,

Quando falava de teus projetos,

Eu, tonto, viajava em várias vertentes.

Te imaginei cientista, astrônoma, física,

Bióloga, zootecnista,

Veterinária, geóloga, até ocultista.

Não realizou o que imaginei.

Sonhos e idealizações se alteram,

Também o meu futuro vislumbrado,

Não concretizei.

Quem sou eu para te julgar?

Talvez tenha fracassado em sua criação.

Não pude suprir ausências,

E teu interior clamava esta presença.

Não soube te acolher,

Te ouvir, te escutar.

Aqueles abraços não foram suficientes,

Minha atenção foi pouca,

Me precipitei em acreditar,

Que bastava apenas gostar do mesmo gostar.

Espero que meus erros possam te auxiliar,

E que não os cometa,

Com este ser que está a gerar.

E meu fracasso como pai/mãe,

Se torne ensinamento.

E não vivas, como eu,

Carregando o fardo de seus lamentos.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 23/03/2018
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