Lentamente.

Demora

O coração bate meia-noite

O vento abre a janela das horas

E por enquanto o relógio ainda chora

Lá fora, a Lua a pino brilha linda

Demora

O destino não concretizou-se ainda

O rumo da vida é ser feita de horas

Perfeitamente lentas

Aumentando o fluxo

do vento pela janela

Momento a momento

Cada vez mais lentamente

Se a noite quis ser imperfeita

O fez com tanta perfeição

Que até agora eu aqui

No colo da rede

Sinto sede de sonhos

É tanto Céu

É tanta noite

É tanto solo

É tanto nada

Alta madrugada

Alvorada

Dia claro

Noite escura

Aquilo que se espera

Sem saber bem ao certo

Se vem ou não vem

Demora

O coração marca as horas

Enquanto o relógio

chora.

Edson Ricardo Paiva