Sorrisos.

Já fui menino

Andando de braços abertos

Em cima de muros altos

Avesso a qualquer redoma

Incauto e descalço

Um gênio sincero

À espera ingênua

da imensa luz que dissipasse as sombras

E somasse sempre aos sonhos

Desenlaces concretos

Menino inquieto

Que um dia caiu de nuvens

Levantou-se

E sem chorar foi seguindo a vida

Alheio às coisas do mundo

Crédulo e feliz

A cada nova jura

Num tempo que não jura nada

Mas cumpre

A cada ameaça que porventura

Tenha vindo acompanhada de sorrisos

Sou menino perdido ainda

Atrasado na tarefa de crescer

Prefiro morrer assim

Não quero que digam no final

Que eu tenha sido igual a eles.

Edson Ricardo Paiva.