Quantas e quantas vezes
me mordo e me violo!
quantas e quantas vezes
finjo que não entendo!
quantas e quantas vezes
me deixais a alma sangrando!
quantas e quantas vezes
vos amo e me traís!

no entanto
continuo a dar-me.
no entanto
continuo a sorrir.


mas não é de pedra
o meu coração!
é lava, fogo, éter!
por mais gelo que lhe deitem
não conseguirão apagar esta chama
que me consome,
que me leva além!

continuo a dar-vos
o meu ser transparente
mas anseio cavar bem fundo
uma gruta que me abrigue
para escapar
do desamor
das palavras falsas
que a toda a hora me lançais!