Sobre poeta sendo poeta

Com o peito aberto

Sangro todas as manhãs

Ao sentir ruir o que foi belo

E nunca mais o será

Escrevo versos,

Na intenção

De não as ter

Mas vez por outra, me engano

Faço planos

E reviro minhas memórias

Empoeiradas pelo tempo

E sempre há alguém lá

Incrivelmente sou poeta

Todos os dias

Mas peço à Deus

Um momento de descanso

Rogo o fim de tanta tormenta

Histórias repetidas,

Rompimentos repentinos

E o velho gosto salgado das lágrimas

Prometo esse ser o último poema

Com gosto de desilusão

E peito aberto, exposto à luz

Da solidão.

Dario Vasconcelos
Enviado por Dario Vasconcelos em 16/02/2018
Código do texto: T6255506
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