Sobre poeta sendo poeta
Com o peito aberto
Sangro todas as manhãs
Ao sentir ruir o que foi belo
E nunca mais o será
Escrevo versos,
Na intenção
De não as ter
Mas vez por outra, me engano
Faço planos
E reviro minhas memórias
Empoeiradas pelo tempo
E sempre há alguém lá
Incrivelmente sou poeta
Todos os dias
Mas peço à Deus
Um momento de descanso
Rogo o fim de tanta tormenta
Histórias repetidas,
Rompimentos repentinos
E o velho gosto salgado das lágrimas
Prometo esse ser o último poema
Com gosto de desilusão
E peito aberto, exposto à luz
Da solidão.