Hoje me calo
Calo-me em um silêncio tão barulhento e molhado.
Escorrego para dentro
E me deito na planice escura de meu ser.
Em minha janela um assobio triste
Lembra a hora, a hora de ir embora!
E quando se parte a dor tende a materializar-se
em uma solidez palpável, vista à olho nu.
Nu, nu estive em toda a minha passagem.
Deixei-me vulnerável.
Ah, coração insensato!
E a razão bem vinda
Pegou-me pelo braço
E cantou brevemente:
"O mundo é falso!"
Hoje me calo!
E observo atentamente a batalha dual
Entre o meu mundo sensível e o racional.
Mas, no fim, não haverá vencedor.
Pois os dois caminhos me levam a dor!