Muros do esquecimento
Já não pousam os pássaros
nesta árvore de ramos nus
nem os sonhos têm encontro
marcado
neste pedaço de vida
aprisionada... sem luz!
Só uma solidão altiva
ameaça precipitar-se
sobre quem sonhou outrora,
e vem agora sorrateira
enfeitar-me o rosto
rasgar-me a pele
num amargo fel.
Embora seja só uma réstia
de esperança
há-de habitar-me sempre
a mente uma lembrança,
irei colher... uma a uma
com paixão
e se um dia ficar sem nenhuma
morrer-me-à o coração.
A memória será espelho partido
pássaro solitário,silencioso,
será o silêncio depois das palavras
será a ausência sobre todas as coisas
ganhas e perdidas,
sol misterioso,
que se esconde atrás das nuvens,
vestígios de vivências estremecidas.