CAPIM AMARGO
O sono levíssimo de repente, sumiu
A noite era um grande quadro negro
Súbito, uma estrela riscou-a de giz
Sensibilizou-me um som triste
Quase um lamento, um pássaro canta
Oh Deus! Que canto mais infeliz!
Só, reflito s/os caminhos do homem
Nas suas ilusões insustentáveis
Nos seus sonhos quase infantis!
Veio a minha mente, os que lutam
Sem nenhuma certeza do futuro
Não entendo como podem ser gentis!
Desejei poder romper-lhes as correntes
Que lhes atam nas teias da ignorância,
E nos seus credos e esperanças juvenis
Que lhes amordaçam o pensar
Que os fazem prisioneiros e caudatários
Dos espertalhões e dos vis
Vivendo sempre à margem
Condenados eternamente
A serem pobres e servis
Pensei na religião, na política
Tive raiva dos mistificadores,
Senti-me profundamente infeliz
Imaginei soluções extremas
Gritou dentro de mim um lado duro
Flertei com a cegueira dos fuzis
Por fim, embriaguei-me de vinho
Meus olhos se embotaram
Vermelhos e febris
Solitário como o diabo, não mais dormi
Lá fora,a lua, no alto era cheia e fria
Dentro de mim, a vida era vazia e gris!