No teatro chamado vida.

Houve um tempo

Em que eu quis fazer as coisas certas

Pra poder ser visto e aceito

Como um bom menino e bom rapaz

Eu acreditava que se agisse assim

E Deus me visse

Ele iria gostar mais de mim

A vida foi passando

E eu insistia que havia uma boa razão

Pra prosseguir sendo um bom homem

Sem querer ser melhor em nada

Apenas via a cada dia que amanhecesse

Como a uma nova oportunidade

De fazer o meu melhor

Pelo mundo, por Deus, pelos meus irmãos

Hoje eu olho pro mundo

Olho a vida

Olho pra mim mesmo e pra cada manhã

Que foi perdida no meu passado

Percebo que a gente não precisa

Ver a vida como oportunidade

de ser bom ou agradar a ninguém

Na verdade

O mundo não está

Prestando a mínima atenção

Pois o ato de viver neste mundo

Não chega a ser compromisso

Contrato ou obrigação

E as coisas que eu faço hoje

A maneira que faço as coisas

Conduzindo meus próprios passos

Tem de estar de acordo

Unicamente com a minha consciência

E a maneira que eu achar a mais certa

Quando ninguém estiver me olhando

Sem procurar santidade ou atenção

Pois ninguém está olhando mesmo

Pra nada de certo que a gente fizer

Ou deixar de fazer

A não ser que faça errado

Pra ser apontado, julgado, condenado

A solução que encontrei

Pra viver esta vida

É eu mesmo saber

Se presto ou não presto

Sem corar branco ou vermelho

Diante do espelho

Sem jamais e nunca mais

me ater ao julgo de ninguém

...de resto

Eu deixo este mundo de lado e amém

Pois nem a gente e muito menos a vida

Tem que ser bom ou ruim

Ela é só vida

E eu sou apenas alguém

Que não vai consertar

E nem carregar os pecados do mundo

Isso não me dá o direito de piorá-lo

E nem obrigação de fazê-lo melhor

Mas a tudo de melhor que eu puder fazer

Eu o faço pra ficar de bem comigo

Sem esperar aplausos do mundo

Pois, a bem da verdade

Isso é coisa que nunca vem.

Edson Ricardo Paiva.