Apague a luz

Já deixei o palco, meu bem

e nem te apercebeste...

Andas deveras ocupado em viver Narciso...

A peça encenada

tem muitas batalhas e muitas personagens

desejando o papel principal,

despudoradamente ansiando

por conquistar o galã.

Não participo desse tipo de disputa.

Sei, na dor vivida e nas lutas passadas

quem eu sou.

No espelho do camarim me olho

e me orgulho do reflexo que vejo.

Minha trama se tece com suavidade,

à luz da verdade mais íntima

que entrego, feito precioso presente,

a quem ousar se olhar também

e se enxergar, humano e falho,

mas íntegro nos sentimentos que professa.

Ao eleito, toda a minha ternura, derramada em gotas de alfazema,

para elevar e purificar sua alma.

Com bálsamos de alecrim perfumar seu corpo amado,

como quem cuida, amorosamente, de um templo.

O amor infinito que reside em minha alma,

dedico a quem queira compartilhar os dias de sol e luz

e as noites de tempestade e angústia.

Continuo aqui, à espera, mas do lado de fora...

Já deixei o palco, meu bem.

Que ele te traga o que desejas.

Que ele seja suficiente para te acalmar o coração,

que te dê forças para viver as horas de solidão e o vazio

que pode assolar sua mente

muito tempo depois,

antes que possas se arrepender e perceber...

que eu já deixei o palco, meu bem.

Lyzzi
Enviado por Lyzzi em 21/12/2017
Reeditado em 21/12/2017
Código do texto: T6204842
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