Depressão
Vejo-me perdido
No mar, no deserto e na escuridão.
Mas o pior é sentir-se excluído
No meio da multidão
Olhares de desprezo
De medo
De compaixão
Sinto-me punido
Um lixo fedido
A esmo
Sem direção
Cala-me a cidade
Despreza-me a sociedade
Acham-me um vilão
Mas eles vivem soltos
Supostamente envolto
Metidos até o pescoço
No esgoto da podridão
Usando o poder
Para se proteger
Livrando-se da prisão
A fome não é nada
Para quem tem uma vida abastada
Sem limites nos cartões
E quem não tem nada?
Não come
Não dá risada
Leva uma vida desprezada
Nas ruas
Nos lixões
A sociedade fica calada
Não enxerga
Para não ser incomodada
E aquela alma penada
Vive sacrificada
Sem direito a nada
Nem a ser tratada
Para livra-se da depressão