OS HOMENS DO LEME
“À memória de José Pedro”
Já não há homens do leme
Como havia antigamente
Por isso esta terra treme
Por não estar segura a gente!
Dos tempos da outra "Senhora"
Seus valores há quem se lembre
Mas nestes tempos de agora
Já não há homens do leme.
- Bom dia, senhor professor,
Pela manhã dizia a gente,
Hoje já não há respeitador
Como havia antigamente.
- Boa tarde, senhor prior,
A qu´ horas é o lausperene?
Hoje, nem hábito nem louvor,
Por isso esta terra treme.
- Boa noite, senhor patrão,
Bem-haja pelo presente!
Hoje, nem sequer ralação
Por não estar segura a gente.
Nem vale a pena pensar
O que vai dentro de portas?
Vê-se bem o que ´stá a dar:
As almas cada vez mais tortas.
Por esse País, de-lés-a-lés,
Não se vêem valores cimeiros
Todos andam aos pontapés
Por não haver timoneiros.
Os exemplos mais seguros
São aqueles que vêm de cima:
Assim, não há valores maduros
Muito menos auto-estima…
Por não haver homens do leme
Nem projectos sustentáveis
É que este País sofre e geme
Noites e dias intermináveis.
Homens do leme são memória
De um perene fermento novo
E que sempre farão história
No sentir da alma do povo.
Se nova bússola surgir
Numa promissora dança
Poderá, talvez, sorrir
Uma outra Nova Esperança!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA