Funeral
Há dias em que a escuridão esconde o sol
E a noite toma conta da gente...
E na ausência da luz, nossos olhos sonham,
Imaginando o fim das trevas imaginárias,
Essa negritude que o medo tece
E a mente, ociosa, aceita...
E haverá dias que o medo trancará as portas
E a nossa respiração ofegante
Irá se esconder no silêncio
Para não se render ao inimigo
Que trava a guerra lá fora.
Céus e terra em conflito dentro de nós,
Olhando a carnificina social
E os restos mortais da dignidade humana
Enxovalhados nas tumbas abertas
Pela nossa desmedida omissão.
Alguém prepara a última pá de cal
E eis aí o funeral da esperança.
E no céu de nossa zona de conforto,
Abrimos novamente os olhos em busca de luz...
Tudo em vão.
No céu escuro da ignorância não há estrelas,
E muito menos, o brilho do sol...