DESENCANTO

O navio do meu sonho segue mar adentro agora

Acorrentado e protegido do canto sigo singrando

Não posso ouvir o canto mavioso da sereia lá fora

Açoitado pelas ondas da saudade vou chorando

Segue tocado pelo vento o triste sonho acalentado

Não tem bússola nem destino e nem cais

Apenas as marcas indeléveis no coração surrado

Apenas os suspiros profundos e os melancólicos ais

Lágrimas misturadas às profundas e turbulentas águas

A ganir pra lua espectro de ilusão desfeita

N'alma em frangalhos visível sulco de mágoas

O olhar dois buracos vazios que o nada espreita

Dor que contrapõe dias em que tudo era encanto

Voz de ternura purificando a alma extasiada

Hoje tudo se transmutou em lamento e pranto

Segue mar afora a utopia em frangalhos silenciada

POETADOAMOR
Enviado por POETADOAMOR em 22/11/2017
Código do texto: T6178930
Classificação de conteúdo: seguro