O tempo da vida
Na bruma submersa da manhã
Acordo com o cintilar da luz lá fora
Não oiço agora as andorinhas
Regressam para longe daqui
Está na hora de se irem embora
Levanto-me a custo da preguiça
Lavo a cara com desdém
Não interessa o cuidado
Pois não me espera ninguém
Visto-me com os mesmos trapos
Já rotos pelo uso e gastos pela vida
Ninguém olhará para mim
Quando passar na rua
A minha figura singela e magra
Caminha vagarosamente
Meio viva meio perdida
No meio da multidão desatenta
A olhar para dentro de si
Gozo estes pequenos momentos
Tiro deles o proveito de quem
Julga que a vida tem pouco tempo