MATUTO

Eu vou-me embora pro meio do mato,

Além da montanha, isolamento profundo

Eu ando insone, ando farto, ando pato,

Ando abismado com a violência do mundo.

Eu vou sem internet, vou sem celular,

Eu vou virar índio, eremita, matuto

Sem tantas chatices pra me aporrinhar

Na noite da mata, repouso absoluto.

Eu vou sem horário, sem contas a pagar

O único problema no qual vou pensar

É como eu faço pra espantar os mosquitos...

Meus credores, quero que se fodam,

Que se esgoelem, esbravejem, explodam:

Aqui no meio do mato, não ouço seus gritos.