Desengano

Ele não soube separar

O amor do violão

Enquanto ela o esperava

Da viola ele se engraçava

Ele não soube decifrar

Cada olhar que ela lhe deu

Não soube enxergar

Através dos olhos seus

Ele não soube recitar

Cada verso do poema

Em cada curva ele se perdia

E toda noite no inverno

De febre ela ardia

E o amor era uma estrofe

Guardada em outra estação

E cada verso que ele tocou

Em seus braços ela chorou

E não havia mal nenhum

Em amá-la sem pudor

Pois o poeta era pretensioso

Em cada trova que ele criou

Ele se sentia vivo

Por amar o exilio,

Afinar o seu violão

E não viver sem paixão

Ela não soube entender

A densidade da sua loucura

A grandeza da sua alma

E de toda sua ternura

E em leviano desengano

Ela partiu sem razão

E o insensato amor

Não tocou mais violão

Claudeth Oliveira
Enviado por Claudeth Oliveira em 18/10/2017
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