Desengano
Ele não soube separar
O amor do violão
Enquanto ela o esperava
Da viola ele se engraçava
Ele não soube decifrar
Cada olhar que ela lhe deu
Não soube enxergar
Através dos olhos seus
Ele não soube recitar
Cada verso do poema
Em cada curva ele se perdia
E toda noite no inverno
De febre ela ardia
E o amor era uma estrofe
Guardada em outra estação
E cada verso que ele tocou
Em seus braços ela chorou
E não havia mal nenhum
Em amá-la sem pudor
Pois o poeta era pretensioso
Em cada trova que ele criou
Ele se sentia vivo
Por amar o exilio,
Afinar o seu violão
E não viver sem paixão
Ela não soube entender
A densidade da sua loucura
A grandeza da sua alma
E de toda sua ternura
E em leviano desengano
Ela partiu sem razão
E o insensato amor
Não tocou mais violão