Fulgores implícitos
Arranco os olhos do futuro!
-Insana ambiguidade!-
Arranco os meus olhos do futuro,
ou arranco os olhos do futuro?
O futuro teria olhos em tantos molhos,
olhos molhados de dor?
Teria o futuro algum amor?
Foco o presente -momento descontente?
Deixo o tempo passar: rima incoerente,
pobre, chula, carente...
Não há mais luz, tudo escuro.
Eu? Cada vez mais inseguro.
Em cima do muro das lamentações,
esperando o maná dos céus,
perdido em contradições,
sobrepostos traçados.
Sem vontade, entregue...
Pode ser que eu nem escorregue,
mas será por falta de andar.
Parado no mesmo lugar,
errando, sem me cansar.
Brilhando às avessas, o mais puro:
implícito desejar obscuro...
Cego futuro!