Alma Ingênua.
Enquanto a carne singela,
Alma desnuda e aberta.
Esquartejada, dilacerada,
Violentada por outras pretensões.
Alma ingênua,
O que fizeram contigo?
Era doce, leve e serena.
Agora se prostitui em cantos escuros,
Em troca do 'ter', deixando o 'ser' largado.
Tu não reconheces mais seu esplendor,
Fagulha divina, criada do amor.
Entorpece por puro prazer,
Migalhas ao chão, a te oferecer.
Ruminas revolta, raiva e paixões,
Cicatrizes abertas,
Liberdade em grilhões.
Dilacera a pele,
Desliza navalha.
E a carne exposta,
Só recorda batalha.
Não te prendas, ó alma,
A passagem senil,
Te libertas agora,
Desta vida redil.