GUARDANAPO
No guardanapo que limpas a boca
guardas o teu beijo, insólito.
Reflete em teus olhos o vermelho do batom
que tiras, e põe outro; o primeiro, sangue.
Teu corpo é o guardanapo que usam
pra tirar o resto de outros amores.
Teu corpo, um pedaço de farrapo
de seda chinesa; um rastro de lesma, deixas.
A terra em teu rosto, um resto
de uma vida que guardanapo nenhum limpa.
O lençol egípcio limpa teus vícios.
Guardanapos ricos de uma vida pobre; podre.
E tuas mãos limpam o escargot.
Teus olhos não vêem ao redor
que te admiram. E te julgam. E te querem. E te matam.
Paga a conta, e sai.
MARCOS DANIEL SANTOS MENDONÇA