GUARDANAPO

No guardanapo que limpas a boca

guardas o teu beijo, insólito.

Reflete em teus olhos o vermelho do batom

que tiras, e põe outro; o primeiro, sangue.

Teu corpo é o guardanapo que usam

pra tirar o resto de outros amores.

Teu corpo, um pedaço de farrapo

de seda chinesa; um rastro de lesma, deixas.

A terra em teu rosto, um resto

de uma vida que guardanapo nenhum limpa.

O lençol egípcio limpa teus vícios.

Guardanapos ricos de uma vida pobre; podre.

E tuas mãos limpam o escargot.

Teus olhos não vêem ao redor

que te admiram. E te julgam. E te querem. E te matam.

Paga a conta, e sai.

MARCOS DANIEL SANTOS MENDONÇA

Marcos DSM
Enviado por Marcos DSM em 31/08/2017
Reeditado em 11/03/2020
Código do texto: T6100613
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