Inquietude
INQUIETUDE
Meu coração está inquieto.
Sinto os dias passarem rapidamente,
Deixando um vazio em minha alma
E um descontentamento pelo tempo perdido
Na busca infinda de um ideal.
De que vale a vida sem um ideal?
Não esses ideais que se esvanecem
Mal são alcançados;
Não aqueles que, ainda nem bem nascidos,
E já são substituídos por outros.
Falo do ideal que preenche a alma,
Que torna a existência um caminhar contínuo;
Que devolve a alegria de viver
E realiza a paz interior.
Sonho com um ideal que possa ser compartilhado.
Que possa ser dividido e distribuído,
E ainda sobre muito para encher o mundo.
Afinal não existe ideal solitário.
E se existe, não é ideal; é ilusão.
Quero olhar a natureza
E vibrar com seus tons e matizes.
Quero olhar as pessoas, sem medo,
E acreditar que somos irmãos.
Quero olhar a abóbada celeste
E enxergar, muito além, um céu,
Onde todos os caminhos se encontram.
Quero sorrir ante a paz de crianças dormindo,
Quero me aquietar com o sorriso meigo do ancião,
Quero crer na vida que a mãe acalenta nos braços
E no trabalho do homem que produz o pão.
Mas que ideal construiria tal mundo?
Que mundo gestaria tal ideal?
Talvez, somente talvez, a resposta esteja nas crianças.
Afinal só nelas a alegria não acaba.
Os sonhos, só nelas, se materializam,
Nelas, tão só a paz é eterna
E o mundo é todo irmão.
Quem sabe o verdadeiro ideal,
Ensinado pelo Mestre,
“Tornar-se novamente criança”
Seja o começo de um mundo novo?