Eu aqui cheia de dores
Diante de uma tatuagem enigmática.
Uma letra japonesa.
O ruído em minha volta
parecia a trilha sonora
do inferno.
Chego ouvir o barqueiro a remar
para me levar
para o mundo de Hades.
Não trouxe as moedas.
Lateja-me a alma.
Não quer mais o corpo.
Não quer o planeta.
Não quer o jogo.
Não quer.
O desejo morreu.
Sobrou uma lucidez ácida.
Corrosiva.
Que queima retinas.
Que incendeia cidades.
E faz pouco de humanidades;
Eu aqui ruminando
poesias caóticas.
Sem rimas,
sem nexo,
e sem lógica.
A soma aponta-me para subtração.
A multiplicação me dá dormência
E, a raiz quadrada
achata minha autoestima.
Tudo se resolve numa inequação.
Na mão, a senha esquizofrênica.
Que devo perseguir.
Olho o painel.
Ouço vozes a chamá-la.
A enfermeira me olha.
O médico me olha.
Faz perguntas.
Faz suposições.
Mas, minhas dores são concretas.
Sólidas.
Monumentos da sobrevivência.
Pernas tremem.
Olhos embaçam.
O homem da tatuagem japonesa
Também está doente.
Pálido e meio pardocente.
Não resisto, e lhe pergunto
o que significa a letra asiática.
Lépido, ele me informa que significa
saúde e virtude.
Internamente rio.
Seria ironia ou fatídico dia?
Inscrições mentirosas
sobre pele humana e mortal.
O cardiologista fala
de minha pressão alta.
Seu tom é grave e monocórdio.
Olho para o alto,
como se pudesse contê-la.
E, a tontura aparece.
Firme e oscilante.
Taquicardia.
Rimas superpostas
que não sabem se combinar.
São mosaicos que
brincam de caleidoscópio.
A enfermeira busca a medicação
Que vem dentro de uma seringa.
Uma picada.
Uma cura rápida.
Um segundo.
E tudo desaparece.
Odeio injeções.
Odeio o branco profundo de hospitais.
Durmo ou desfaleço.
Nem sei.
Durmo quase tão profundamente
que esqueço da dor.
Esqueço da tatuagem
e o braço que me aparece
é gentil.
Não posso recusar gentilezas
quando doente.
Tudo que queria
era sair correndo,
suando e
segredando tudo.
Para no fim, chegar
a um paraíso mental.
De não pensar em mais
em nada.
Uma pílula.
Uma pomada.
Uma injeção.
E, a morte afinal é adiada.
Para um futuro indefinido.
Poesia é um remédio.
Adiamos para sempre
a sensação do fim.
Ainda que nos aproximemos
cada vez mais intimamente
dos paradoxos todos.
Diante de uma tatuagem enigmática.
Uma letra japonesa.
O ruído em minha volta
parecia a trilha sonora
do inferno.
Chego ouvir o barqueiro a remar
para me levar
para o mundo de Hades.
Não trouxe as moedas.
Lateja-me a alma.
Não quer mais o corpo.
Não quer o planeta.
Não quer o jogo.
Não quer.
O desejo morreu.
Sobrou uma lucidez ácida.
Corrosiva.
Que queima retinas.
Que incendeia cidades.
E faz pouco de humanidades;
Eu aqui ruminando
poesias caóticas.
Sem rimas,
sem nexo,
e sem lógica.
A soma aponta-me para subtração.
A multiplicação me dá dormência
E, a raiz quadrada
achata minha autoestima.
Tudo se resolve numa inequação.
Na mão, a senha esquizofrênica.
Que devo perseguir.
Olho o painel.
Ouço vozes a chamá-la.
A enfermeira me olha.
O médico me olha.
Faz perguntas.
Faz suposições.
Mas, minhas dores são concretas.
Sólidas.
Monumentos da sobrevivência.
Pernas tremem.
Olhos embaçam.
O homem da tatuagem japonesa
Também está doente.
Pálido e meio pardocente.
Não resisto, e lhe pergunto
o que significa a letra asiática.
Lépido, ele me informa que significa
saúde e virtude.
Internamente rio.
Seria ironia ou fatídico dia?
Inscrições mentirosas
sobre pele humana e mortal.
O cardiologista fala
de minha pressão alta.
Seu tom é grave e monocórdio.
Olho para o alto,
como se pudesse contê-la.
E, a tontura aparece.
Firme e oscilante.
Taquicardia.
Rimas superpostas
que não sabem se combinar.
São mosaicos que
brincam de caleidoscópio.
A enfermeira busca a medicação
Que vem dentro de uma seringa.
Uma picada.
Uma cura rápida.
Um segundo.
E tudo desaparece.
Odeio injeções.
Odeio o branco profundo de hospitais.
Durmo ou desfaleço.
Nem sei.
Durmo quase tão profundamente
que esqueço da dor.
Esqueço da tatuagem
e o braço que me aparece
é gentil.
Não posso recusar gentilezas
quando doente.
Tudo que queria
era sair correndo,
suando e
segredando tudo.
Para no fim, chegar
a um paraíso mental.
De não pensar em mais
em nada.
Uma pílula.
Uma pomada.
Uma injeção.
E, a morte afinal é adiada.
Para um futuro indefinido.
Poesia é um remédio.
Adiamos para sempre
a sensação do fim.
Ainda que nos aproximemos
cada vez mais intimamente
dos paradoxos todos.