Adeus às Ilusões


Restos de mim que deixei por aí,
Alguns pedaços de desencanto,
Uns tantos fragmentos de encanto.
Na memória nebulosa, imagens opacas,
Páginas amareladas pelo tempo.
Ah! O tempo, feitor ou libertador,
Pedaços da dicotomia que sou,
Ou talvez da dialética entre vida e a morte,
Que não teve resposta,
Mas foi presença contínua em minhas dúvidas.
Cada momento será um ‘para sempre’ que se foi,
Foram tantos ‘quereres muitos’,
Que esvaziaram-se numa vontade oca,
Num coração que dispensa o cérebro,
E de uma cabeça que gostaria de não ter coração.
Sentir é ser vulnerável , não sentir é ser pedra.
Versos perdidos em meio ao cotidiano,
Ah, o cotidiano e suas ilusões de prazer.
Não, não existem premissas de enganos,
Pois que a verdade não existe,
Tal como as tolas certezas de pó da existência.
Dia haverá de um verso final,
De um sorriso derradeiro,
Mas então, tudo terminará
Na ilusão de um ‘para sempre’.
E ‘para sempre’ é infantil,
E a infância não resiste ao tempo.
Ah, o tempo ! Virão os dias de um epílogo.
A página final, e então’ para sempre’,
Será apenas mais uma dúvida,
Um portal para um todo
Ou para um nada que não quis ser.


22/12/2015
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 13/08/2017
Reeditado em 16/06/2018
Código do texto: T6082440
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