CANSAÇO CÍVICO

CANSAÇO CÍVICO

Oh meu país!

Como me sinto afastado de ti,

Parece até que não sou teu filho.

Oh meu país!

Não avalias a tristeza que sinto,

Ao me sentir bastardo,

De não ser digno de ti,

Somente porque,

Rompi com as amarras da miséria.

Somente porque,

Optei por não ser um cão sem dono.

Oh meu país!

Foram tantos os dias de sonhos.

Foram tantos os dias de infindáveis leituras,

Procurando entender.

O que um bárbaro,

Um santo de barro,

Não entende,

Mas se impõe,

Graças tua coletiva ignorância.

Oh meu país!

Com pouca força física,

Para responder aos insultos,

Miro-me no espelho

E me vejo vencido:

Se assim não fosse,

Mesmo sem convite,

Como antes aconteceu,

Dar-te-ia, como presente,

Um adeus.

Um adeus para responder

Ao bárbaro que me insulta,

Que me considera elite,

Somente porque,

Dele não preciso.

Somente porque,

Para ele,

Não estendo o tapete da miséria

E sobre este desfilar,

Achando o máximo.

Oh meu país!

Não suporto ver-te passivo como estás.

Não entendo essa tua letargia social.

Não sou escravo e nunca fui senhor.

Mas,

Com humildade,

Confesso-te:

Amo-te,

Sem ser submisso,

À prática do engodo,

Como se de nada eu soubesse,

Como se em nada eu pudesse crer.

Oh meu país!

Não foi isso que quis pra mim.

Não foi isso que sonhei pra você.

Rui Azevedo – 15.08.2007

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 15/08/2007
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